Mauro da Nóbrega

terça-feira, 19 de abril de 2016

Cordel - A Evolução Humana

Nenhum comentário :


 
A EVOLUÇÃO HUMANA
AUTOR: Mauro da Nóbrega

Quando Deus criou o mundo
Criou também Eva e Adão
Um casal de seres humanos
Pra viverem em comunhão
Obedecendo as ordens Dele
O pai da nossa criação

Aos dois foram dadas ordens
Pra não cometerem pecados
Viverem no paraíso
Como dois seres sagrados
Mas a vaidade humana
Fez o pacto ser quebrado

Eva comeu a maçã
Que a serpente mandou
A partir daquele instante
O pecado se espalhou
Por toda parte da terra
E nunca mais se acabou

Este pequeno relato
Que acabei de contar
É pra você entender
Aonde eu quero chegar
Pois a evolução humana
E coisa de se assustar

Falei do paraíso
Do pecado de Eva e Adão
Para você entender
Como foi a criação
Agora vou falar
Da atual situação

Menino antigamente
Nascia com o olho fechado
Passava mais de um mês
Dormindo todo enrolado
Depois de quarenta dias
Que dava o primeiro fungado

O sexo da criancinha
Ninguém conseguia vê
Faziam muitas simpatias
Pra ver o que era o bebê
Mas só descobria mesmo
Quando este vinha a nascer

Hoje com cinco meses
Sem reza nem simpatia
Já se sabe qual o sexo
Com a ultra-sonografia
A mãe já fica sabendo
Se é Pedro ou se é Maria

Os meninos não nascem mais
Da forma que Deus deixou
A mãe vai ao hospital
Conversa com o doutor
Marca o dia de nascer
Pra não sentir nenhuma dor      

O umbigo só caía
Depois de um mês do nascimento
Hoje cai com sete dias
Sem causar nenhum sofrimento
Não se vê mais umbigo pra fora
É tudo fundo pra dentro

As mães com aquele medo
Dos filhos ficarem traumatizados
Amarravam moedas nos umbigos
Pra ver se ficavam afundados
Mas nem dinheiro dava volta
O bicho ficava estufado

Meninos antigamente
Nascia com as pernas cambotas
As mães faziam simpatias
Mas continuavam tortas
Quando a coisa é da natureza
Nem simpatia da volta

Passava sebo de carneiro
Botava dentro do pilão
Passava tirada de candeeiro
Dava banho de manjericão
Mas continuavam tortas
Cresciam sem solução

Menino andava com um ano
Com quase dois balbuciava
Com seis ia para escola
Até os quinze brincava
Os meninos de carrinho
E as meninas de panelada   

Hoje está tudo diferente
Vejam só como está
Com nove meses já corre
Com um ano já sabe falar
Com três já sabe o que é dinheiro
Com quatro começa a estudar

Com seis anos de idade
Já não querem mais brincar
Com oito só querem televisão
Videogame e celular.
Só falam em internet
Só querem conectar

Meninas cresciam os seios
Só depois de quatorze anos
Hoje com doze já tem peitos
Muitas estão engravidando
A que ainda não engravidou
Com certeza está namorando

Meninos falavam grosso
Dos quinze anos pra frente
Hoje com doze anos
Já está falando diferente
Quem com quinze era soldado
Hoje com doze é tenente

Após os dezesseis anos
Começavam a namorar
O namoro era fiel
Era namoro pra casar
Hoje com doze anos
Só se falam em ficar 


 
Os filhos tratam os pais
Igual tratam seus amigos
Sem o menor respeito
Gritam no pé do ouvido
E é justamente aí
Onde mora o perigo

Esta falta de respeito
Afeta a criação
O filho cresce rebelde
Sem modo e sem educação
Quando cai nas garras do mundo
É mais um na perdição

Isto é fato consumado
Não adianta negar
Mas já que sabemos disso
Vamos tentar melhorar
Errar todo mundo erra
Burrice é não consertar

Eu já falei das crianças
Das suas evoluções
Falei dos adolescentes
E suas transformações
Agora vou falar dos velhos
Espelhos das gerações

Os velhos antigamente
Quando passava dos sessenta
A velha falava logo
Meu velho vê se aposenta
Se você não se aposentar
Não vai ter quem te sustenta 

Era tanta dor no corpo
Reumatismo pra todo lado
Biotônico com emulsão
Era o remédio procurado
Para dar sustância aos velhos
E eles ficarem curados

Viviam mascando fumo
Cuspindo por todo o chão
Não compravam perfume caro
Escovavam os dentes com pó de carvão
Usavam chapéu de palha
E roupa de algodão

Hoje é tudo diferente
Velho é coisa do passado
Chamam de terceira idade
Nada de velho acabado
Se chamar alguém de velho
Vai ver o sol nascer quadrado

É plástica pra todo lado
Estica o rosto e as mãos
Para esconder as rugas
E parecer um garotão
Mas o corpo não ajuda
E acaba andando de bastão

Ovo de Codorna
Verga -Tesa e Catuaba
Era o que os velhos usavam
Antes das suas noitadas
Depois saiam por aí
Caçando rabo-de-sai  

Mas inventaram um tal Viagra
Um remedinho danado
Quando o velho usa ele
Fica logo assanhado
Sai procurando menina
Para tirar o atrasado

Hoje graças à ciência
E o avanço da medicina
Velho não quer mais saber de velha
Gosta mesmo é de menina
De preferência cheirosa
Da perna grossa e pele fina

Acessam a internet
Namoram de forma virtual
Falam gíria dançam funk
Vestem moda sensual
Usam piercing na orelha
Boné e tênis atual

Mas eu cheguei a uma conclusão
Que é fácil de entender
Seja menino, rapaz ou velho.
O importante é viver
Quem não quiser ficar velho
Novo tem que morrer

Temos que viver a vida
Aproveitando o que se tem
Pois ninguém sabe a hora
Da partida pro além
Ninguém compra passagem
Para embarcar nesse trem  

Menino seja menino
Rapaz viva com amor
Ancião desfrute o tempo
Aproveite o que Deus deixou
A nossa vida é um jogo
Não seja um perdedor

Dedico este cordel
A todas as gerações
Do mais novo ao mais idoso
Que habita neste chão
Que Deus abençoe a todos
E que vivam em comunhão


Nenhum comentário :

Postar um comentário