Mauro da Nóbrega

terça-feira, 19 de abril de 2016

Cordel - Meus Tempos de Criança

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MEUS TEMPOS DE CRIANÇA
Autor: Mauro da Nóbrega

No meu tempo de menino
Tudo era diferente
Não tinha televisão
Não tinha computador
Claridade só da lua
Ou às vezes luz na rua
Gerada por um motor

Quando não tinha luar
Era um turvo danado
Depois das dez da noite
O motor era desligado
A luz dava um piscão
Os alunos corriam todos
Com medo da escuridão

Às vezes passavam dias
Sem o motor funcionar
Malandros por vaidade
Fazia o bicho pifar
Botava açúcar no tanque
Não tinha motor de arranque
Que fazia ele pegar

O nosso ilustre Joaquim
Vulgo Joaquim motor
Passava horas limpando
O açúcar que derramou
Mas não havia jeito
O povo xingava o prefeito
Porque o motor pifou.

Tinha que ir a Dianópolis
Buscar o mecânico Dozinho
Para consertar o motor
Pra ele ficar bonzinho
Quando ele botava a mão
O motor dava explosão
Funcionava direitinho

Aqui ninguém sabia
O que era televisão
Nos brincávamos no terreiro
Na cozinha  um candeeiro
Iluminava o fogão
Onde  mãe fazia a comida
Pra nossa alimentação

Uma mulher valente
Que tenho muita saudade
E também muita admiração
Pela sua coragem
E a sua dedicação
Fazer-nos homens de bem
Era a sua obsessão

Eu brincava de gadinhos
De osso de mocotó
Fazia meus curraizinhos
Brincava quase sempre só
Usava a imaginação
Dar nomes aos animais
Era minha distração

Caçava ouro no pequizeiro
Na pista de avião
E a chuva além de regar a terra
Lavava também nosso  chão
E Deus com sua grandeza
Nos dava a grande riqueza
De catar  ouro com a mão

Eu brincava na chapadinha
Fazia passarinhada
No meio das negras-minas
Pegava muita marmelada
Juntava com as meninas
Sem malicia ou vaidade
Para comer panelada

 Para tomar nossos banhos
 Pegar água pra beber
 As mulheres arear as vasilhas
 Após fazer o que comer
 Era na cacimba do João Alves
 Que isso vinha acontecer

Mas o tempo passa depressa
E a nossa vida passa também
E o que resta   são lembranças
Daquilo que não mais vem
Mas graças a Deus o que passou
Apesar do sofrimento
Muita coisa boa ficou

Agradeço a Deus pela criação
Que recebi dos meus pais
Que apesar de não Letrados
Conhecimentos tiveram demais
Me prepararam para o mundo
Com exemplos práticos e profundos
De honestidade e paz

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