Mauro da Nóbrega

terça-feira, 19 de abril de 2016

Cordel - O Jumento Atolado

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O JUMENTO ATOLADO
Autor: Mauro da Nóbrega
Prestem muita atenção
Nesse caso que eu vou contar
É um relato verdadeiro
Não sou homem de inventar
Do jeito que me contam
Eu costumo repassar

Aqui tinha um senhor
De força fenomenal
Nunca houve por aqui
Alguém com força igual
A força dele era tanta
Que levantava um animal

Um dia ele viajando
Com seu jumento arreado
Com duas bruacas cheias
Mais ele em cima sentado
Entrou em um lamaçal
E o jegue ficou atolado

Então ele pulou no chão,
Começou a matutar
Pensou em usar um macaco
Para o jegue levantar
Mas ele ficou com medo
Do macaco afundar
Pensou em um guindaste
Em cima de um caminhão
Pra resolver de vez
Aquela situação
Mas não tinha esse recurso
Aqui na nossa região
Mas como ele era forte
Tinha força igual Sansão
Pensou bem no que fazer
Tomou uma decisão
Pra tirar o seu jumento
Daquela tribulação
Tirou a calça e as botas
Ficou só de samba-canção
Entrou pra dentro da lama
E com a força de suas mãos
Jogou o jegue nas costas
E tirou ele do chão
Com cangaia, bruaca e tudo
Nada de cima tirou
Botou fora do atoleiro
Em terra seca deixou
Essa é a verdadeira história
Do jumento que atolou
Dizem que isso aconteceu
Aqui na nossa região
E o autor dessa façanha
Nasceu aqui nesse torrão
Era conhecido por todos
Como o Huck do sertão
Era um homem bem tranqüilo
Porém de uma fome danada
Comia sessenta mangas
Apenas numa sentada
Uma cabeça de porco
E um litro de coalhada
Comia cinco rapaduras
Um prato de farinha
Dois litros de leite quente
Vinte ovos de galinha
Uma tigela de curau
Para não perder a linha
Comia uma fissura
Chupava uma melancia
Ele não usava prato
Era panela ou bacia
Se tivesse mais comida
Dizia que ainda cabia
Mas brincadeira a parte
Uma coisa eu vou falar
Homem com tamanha força
E difícil de encontrar
E com tanta fome no corpo
E mesmo de se admirar

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