O CANTO DA ACAUÃ
Autor: Mauro da Nóbrega
No meu tempo de menino, quando ouvia o canto da
acauã, percebia que minha mãe ficava preocupada, pois ela como muitos acreditavam que se
tratava de uma ave de mau agouro, e o seu canto chamava coisas ruins, inclusive
a morte, e isso foi transmitido pra mim, o que me deixava também com medo do
canto da Acauã.
O saudoso Luiz Gonzaga na Música ACAUÃ, ele diz:
Teu canto é penoso e faz medo,
Te cala acauã,
Que é pra chuva voltar cedo,
Mas além de aprender a ter medo do canto da
Acauã, aprendemos também a botar ela pra calar. Aprendemos a queimar a língua da
danada. Naquele tempo, em toda casa tinha um fogão de lenha, que servia tanto
pra cozinha, como para abastecer com brasas o ferro de passar. Mas o que eu mais gostava de fazer com
as brasas, era quando ouvia o canto da Acauã, que o medo batia, eu corria ao
terreiro, abria um buraco no chão, colocava brasa dentro, tampava com terra, pisava
em cima, e mandava ela calar a boca. Era questão de segundos ela silenciava.
Não sei se realmente queimava a língua da danada, mas segundo minha mãe me
repassou, queimava mesmo. Acho que funciona igual a cruzada de dedos
para cachorro não passar fax. É a força do pensamento.
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